Histórias sobre o óleo de coco como prevenção e como cura milagrosa para o Alzheimer estão a ser divulgadas em grupos de apoio e por toda a Internet. As perguntas que emergem no cuidador familiar são: "Esta é uma informação real ou uma fraude?" "Devo dar óleo de coco ao meu idoso?" Na verdade, a resposta é... talvez.
Cuidado com as falsas notícias
O interesse pelo óleo de coco como tratamento para a doença de Alzheimer aumentou nos últimos anos, quando um médico da Flórida, a Dra. Mary Newport, o usou para tratar a demência do marido. Antes de começar o tratamento, fez com que o marido realizasse o Teste do Relógio, e ele teve um desempenho muito negativo. Ela começou a dar ao marido óleo de coco e, duas semanas depois, notou uma melhoria dramática no resultado do Teste do Relógio. Algumas semanas depois, após o uso continuado de óleo de coco, ele teve novamente uma melhoria neste teste, assim como na sua expressão verbal, capacidade física e memória.
Ela escreveu sobre sua melhoria, foi também entrevistada, e atribuiu a sua melhoria ao óleo de coco. Além disso, existem vários sites que divulgam os benefícios do óleo de coco, citando experiências pessoais para respaldar estas alegações.
Que pesquisa científica foi conduzida?
A informação da experiência desta médica parece empolgante e faz muitos quererem ir comprar óleo de coco, dar a seus entes queridos que estão a lutar com Alzheimer e tomar um pouco eles próprios, para o caso de prevenir a doença de Alzheimer.
Infelizmente, o que falta é evidência científica para testar o benefício real do óleo de coco. Nenhuma pesquisa foi conduzida para determinar se o óleo de coco reverte os sintomas da doença de Alzheimer e/ou evita que se agravem, de forma clara e consistente.
Isto é, até à data ainda não é conhecido nenhum estudo chamado de duplo-cego, onde nem os pesquisadores nem os participantes sabem quem está a receber o óleo de coco e quem está a recebe o placebo (o medicamento falso). Caso contrário, os resultados poderão ser distorcidos, já que aqueles que esperavam resultados, como alterações ou melhorias, poderiam "notá-los" porque esperavam por eles. Se ninguém diretamente envolvido souber quem está a receber o óleo de coco, será mais fidedigno que quaisquer benefícios nos testes cognitivos (como o Teste do Relógio ou o MMSE) sejam resultado do óleo de coco.
Infelizmente, o óleo de coco não está cientificamente comprovado ★ como tratamento da doença de Alzheimer nem foi endossado como prevenção, cura ou tratamento por instituições médicas respeitadas. Podem existir histórias verdadeiras de pacientes cujos sintomas melhoraram após tomar óleo de coco, mas esses casos não foram testados de forma rigorosa e os benefícios podem ser causados por outros fatores distintos.
É seguro experimentar óleo de coco?
Instituições como a Organização Mundial da Saúde, a Universidade de Harvard ★ ou outras ★, desaconselham o consumo de grande quantidade de óleo de coco, pois contém altos níveis de gordura saturada, o que pode levar a altos níveis de colesterol.
No entanto, antes de tomar qualquer decisão, aconselhamos sempre a verificar com seu médico se o óleo de coco não vai interferir com nenhuma condição clínica, medicação ou tratamento existente.
Conclusão
Por um lado, há algumas histórias interessantes sobre os benefícios do óleo de coco. É uma substância natural e parece ter o potencial para um benefício significativo. Houve alguns relatórios e é possível que realmente seja eficaz e útil.
Por outro lado, a comunidade médica não pode recomendar sem reservas uma substância ainda não comprovada para a qual não há pesquisa científica para apoiar o uso. A possibilidade certamente existe, mas deve ser legitimamente testada para evitar que as pessoas gastem tempo e dinheiro em algo que não forneça o benefício esperado.
No entanto, várias outras abordagens não medicamentosas para tratar a demência e melhorar a qualidade de vida foram identificadas e têm diversas pesquisas para apoiar a sua utilização. A nossa esperança é que a pesquisa seja conduzida para nos fornecer orientações sobre a eficácia (ou falta dela) do óleo de coco para aqueles que vivem com demência.
Imagem: Boa Forma
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